Ideia é promover a entrega de carga por caminhões movidos a gás natural liquefeito (GNL)
As empresas , Scania e Virtu GNL fecharam parceria para descarbonizar o transporte rodoviário pesado no Brasil. A ideia é promover a entrega de carga por caminhões movidos a gás natural liquefeito (GNL). O trio tem contratos com a e a para transporte de produtos na chamada rota Matopiba, sigla que designa os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
O contrato prevê a entrega de 180 caminhões movidos a GNL produzidos pela Scania a um custo unitário de cerca de R$ 1 milhão, o que leva o total para R$ 180 milhões. A ideia é que a Eneva fique com a parte de produção da molécula de gás e a Virtu cuide da entrega do produto final. A Virtu e a Eneva já atuam juntas por meio de uma joint venture, a GNL Brasil, que atua na logística de entrega de gás natural em lugares sem gasodutos, fazendo o transporte, a estocagem e a regaseificação.
A Eneva estima que o novo mercado de transporte rodoviário de longa distância movido a GNL pode demandar até 9 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia inicialmente, com uma redução na intensidade de emissões de 2 milhões de toneladas de gás carbônico por ano no Brasil. Em comparação com a frota tradicional de diesel, a redução de emissão de gás carbônico pode chegar a até 20%.
Segundo o diretor de vendas da Scania, Alex Nucci, o volume de 180 caminhões é a maior compra de veículos a GNL da América Latina: “Um dos pontos importantes dessa operação é o fato de serem caminhões projetados e produzidos 100% para o gás. A partir de maio, a Scania passará a produzi-los totalmente na nossa fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Esses fatores, junto ao fato de que o investimento para adquirir um veículo movido a GNL e um a diesel não é tão diferente, abrem um leque de possibilidades por ser mais competitivo no mercado”
Inicialmente, 30 veículos farão as primeiras operações da parceria, que devem começar em meados de abril. Os outros 150 serão entregues ao longo de 2024.
A GNL Brasil realiza entregas de GNL para atividades industriais da Vale e da Suzano. Para a Suzano, que possui planta na cidade de Imperatriz (MA), a GNL Brasil transporta cerca de 160 mil metros cúbicos por dia a uma distância de 548 quilômetros. Para a Vale, que possui operação em São Luis (MA), a GNL Brasil transporta cerca de 250 mil metros cúbicos por dia a uma distância de 320 quilômetros.
O presidente da Eneva, Lino Cançado, diz que a expectativa é de ganho de escala de forma rápida: “Começaremos com esses 180 caminhões, mas a visão é de que o mercado é maior que isso e pode escalar com velocidade.” O projeto não tem contrato de exclusividade e pode atender demandas de outras empresas futuramente.
Desde 2022, a Eneva investiu R$ 1 bilhão para atingir a capacidade de liquefazer 600 mil metros cúbicos de gás por dia. Segundo Cançado, a Eneva tem capacidade ociosa de liquefação de gás e pode aumentar o volume a depender da demanda. A companhia produziu 360 milhões de metros cúbicos de gás no quarto trimestre de 2023.
O presidente da Virtu GNL, José de Moura Jr., diz que os veículos movidos a GNL unem a eficiência à descarbonização: “Para transportes como esse de longa distância, a solução é o GNL. O elétrico não tem autonomia e o movido a gás natural comprimido precisa fazer muitas paradas para abastecer. Aqui nessa parceria nós temos a molécula, o caminhão e o serviço.” A Virtu GNL investirá R$ 5,7 bilhões para promover a infraestrutura de postos para abastecimento.